02/04/2025 às 15:00

Imprevisibilidade: tarifas, inflação, juros e desaceleração econômica

Momento Econômico
Por Nicola Tingas | Consultor Econômico

O protecionismo radical de Trump desestrutura relações de comércio das cadeias de produção e oferta global, implica em custos e preços crescentes, substituição de produtos e serviços e/ou redução do consumo, com efeitos inflacionários.

Depois de anunciar tarifas sobre importações do Canadá, México e China, Trump anunciou dia 26/03 a imposição de tarifa de 25% sobre importação de carros feitos no exterior. As tarifas entram em vigor hoje, ao mesmo tempo em que medidas de reciprocidade contra parceiros de comércio.

Avaliações especializadas no setor automotivo indicam que quase metade dos veículos vendidos nos USA são importados, e as montadoras locais tem 60% de componentes vindos do exterior. Analistas estimam que as tarifas podem gerar até USD 110 bilhões em custos anuais para as montadoras.

Para o Brasil, estimativas preliminares são de que tarifas afetem a indústria de autopeças de exportação. E também devem reduzir investimentos automobilísticos na produção brasileira.

Bolsas americanas – fechamento 28/03/2025

O anúncio tarifário derrubou fortemente o valor das ações do setor automotivo, implicando em forte baixa adicional nas bolsas americanas. Os consumidores saíram em disparada para comprar veículos, antes que o aumento de tarifas chegue no preço de venda.

Os mercados também precificam risco de alta da inflação, e expectativa de desaceleração econômica. Ou seja, cresce a perspectiva de ambiente de estagflação nos USA (estagnação econômica e inflação).

Em recente decisão de política monetária, o FED manteve taxa de juros inalterada com ênfase na complexidade do cenário atual. Houve sinalização dos membros de dois cortes de juros até final do ano, em sinal de maior preocupação com a desaceleração da economia.

Os analistas do Goldman Sachs estimam que há probabilidade de 35% de recessão nos USA nos próximos 12 meses (alta em relação a previsão anterior de 20%), devido a escalada da guerra comercial global, forte deterioração da confiança das famílias e das empresas, inflação em alta (PCE 2025 de 3,5%), alta do desemprego para 4,5%, e PIB em baixa para 1% em dezembro. Nesse ambiente preveem três cortes de juros até dezembro 2025. (Fonte: Estadão, 31/03/2025).

No Brasil, o excesso de estímulos à demanda pelo governo Lula fragiliza as contas públicas e reforça a pressão inflacionária, em momento de elevada incerteza global. Esse ambiente dificulta o Banco Central em sua missão de proteger o poder de compra da moeda. Na decisão do Copom, Relatório de Política Monetária – entrevistas de autoridades da autarquia – foram explicitados diversos aspectos do “balanço de riscos” e elevada preocupação que motivam a sinalização de continuidade da alta da taxa de juros SELIC em patamar elevado, por longo período.

 

Relatório de Política Monetária – março 2025 (Banco Central do Brasil)

Balanço de Riscos

O balanço de riscos permanece assimétrico indicando maior probabilidade de uma inflação mais elevada do que aquela contemplada no cenário-base.

  • Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se:
  1. uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
  2. uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e

iii. uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

  • Entre os riscos de baixa, ressaltam-se:
  1. impactos sobre o cenário de inflação de uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada; e
  2. um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais.

Projeção IPCA

  • Os preços ao consumidor devem seguir com variações mensais elevadas e a inflação em 12 meses deve permanecer ao redor de 5,5%, acima do intervalo de tolerância da meta.
  • Inflação mensal elevada está associada com comportamento de preços livres em geral, com altas mais disseminadas, e reflete inércia elevada, mercado de trabalho ainda apertado, repasse da depreciação acumulada do câmbio e outros fatores mais específicos (como a alta do café e perspectiva de oferta mais restrita de carne bovina). A média trimestral dessazonalizada e anualizada dos núcleos deve se situar acima de 5% no período.

Contratos DI FUTURO (B3) – mercado precifica taxas de juros elevadas por longo período

 

Simulação Copom – SELIC

 

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