17/11/2023 às 11:19

Indicadores melhores viabilizam consumo popular na Black Friday e Natal; Refluxo da pressão dos juros americanos longos e menor pressão no petróleo favorecem taxa de câmbio e corte de juros SELIC

Momento Econômico
Por Nicola Tingas | Consultor Econômico

​​​​​​A atividade econômica está sob efeito favorável das transferências de renda bruta e estímulos governamentais à demanda, apesar do ciclo econômico indicar desaceleração do ritmo do PIB ao longo deste 2º semestre.

Houve melhoria da renda líquida das famílias, oriunda da redução da curva de inflação por efeito benéfico dos preços menores dos alimentos com a expressiva safra agrícola, contenção parcial dos preços públicos pelo governo (exemplo: política de combustíveis); efeito da política monetária restritiva que mitiga pressões de preços de serviços e outros preços competitivos. Está ocorrendo gradual redução da inadimplência e do endividamento das famílias.

Adicionalmente, ao longo das semanas recentes, a forte alta dos US 10 Year Treasury Yield encontrou limite e reversão favorecendo alívio nos mercados globais.  O petróleo reverteu pressão por risco de efeitos da guerra Hamas X Israel. Essa reversão de risco global impulsionou bolsas americanas e local.

US 10 Year Treasury Yield. 13 de novembro de 2023. últimos 30 dias.

Fonte: CNBC

Por sua vez, o Banco Central sinalizou queda nas duas próximas reuniões do COPOM e espera conhecer o risco financeiro global e anunciada manutenção de gastos públicos elevados em 2024. A manutenção da cautela na trajetória gradual de corte de juros (SELIC), juntamente com menor pressão de juros externos e petróleo, soma ao excelente saldo da balança comercial esperado próximo aos USD 90 bilhões em 2023. Nesse cenário, a taxa de câmbio real/dólar é preservada, mantendo atratividade da arbitragem de juros externos x internos, evitando pressão inflacionária nessa origem, facilitando a gestão da política monetária restritiva.

Os gráficos ilustram a melhoria de indicadores, impulsionando consumo popular na Black Friday e Natal

Taxa de desemprego em acentuada queda

Rendimento médio em alta

Endividamento das famílias em relação à renda anual e comprometimento da renda das famílias com serviço de dívida (SFN inclui habitacional)

Inadimplência – Recursos Livres Pessoa Física  em queda

Inadimplência Total – Recursos Livres Pessoa Jurídica na busca do ponto de reversão

Inflação mensal de outubro 0,24% ou 4,82% em 12 meses

A queda da curva deve levar o IPCA 2023 para abaixo do teto da meta de inflação do ano (4,75%), podendo surpreender com fechamento em 4,5% ou menor em 2023. Para 2024, se considerarmos a curva de evolução mensal do IPCA nos últimos 12 meses, é visível no próprio gráfico que a base de cálculo é mais alta no primeiro trimestre de 2024 sobre o mesmo período de 2023. Portanto, salvo efeitos do El Niño no preço dos alimentos, que poderá exercer mais pressão afora daqueles sazonais de início de ano, haverá efeito estatístico de desaceleração da inflação.

Esse ambiente benigno de inflação no 1º trimestre e parte do 2º trimestre de 2024, se confirmado, deverá aumentar a pressão de mercado sobre o COPOM para que estenda o corte da SELIC. O gráfico de evolução dos contratos de DI Futuro indica precificação de maior corte de juros em 2024 e 2025, que deve ceder mais com inflação menor.

COPOM mantém cautela na extensão de corte de juros. Mas, se as condições de inflação local e inflação internacional mantiverem tendência de queda, mesmo gradual, o COPOM poderá acelerar corte da SELIC.

O cenário 2024 traz incertezas e riscos. Oportunidades dependem de manutenção de dados favoráveis.

1) Extensão pelos Bancos Centrais de restrição monetária prolongada com dos juros locais e internacionais elevados e maior custo de rolagem das dívidas públicas das correspondentes economias;

2) Escolha do governo brasileiro de manter impulso à demanda, em ano eleitoral, implica em maior gasto público com receitas incertas. Esta ampliação do déficit público, financiado ainda por taxa de juros elevadas, implica aumento da dívida pública no longo prazo.

3) Combinados o maior gasto público, COPOM cauteloso na queda da taxa de juros (SELIC), ciclo de desaceleração de economia global, levam a crescimento econômico mais restrito em 2024, exceto se dados de conjuntura passarem para campo favorável.

 

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