06/09/2023 às 16:45

Por que o mercado de crédito depende cada vez mais do mercado de seguros

Omni na Mídia
Por Heverton Peixoto | CEO da Omni&Co

Os mercados de crédito e seguros são pilares do sistema financeiro nacional. Crédito corresponde às operações de antecipação financeira. Proporciona à sociedade viabilizar e manter projetos que geram valor para diversos setores da economia. Já os seguros são instrumentos de planejamento, prevenção e mitigação de riscos. Podem ser encarados como investimento, dependendo da proposta de garantia ou proteção.

No Brasil, tradicionalmente a relação entre eles sempre foi de distribuição. Ou seja, o mercado de crédito sempre serviu como um canal potencial para a oferta de produtos e serviços do mercado de seguros. Mas é tempo de dividir mais as responsabilidades e os riscos.

O mercado de seguros é muito mais líquido. Ele possui capacidade de pulverizar riscos em arranjos com os resseguros e retrocessão, atuando como parceiro ainda mais estratégico do mercado de crédito e de maneira decisiva para a circulação financeira e o desenvolvimento do país.

Ampliação do resseguro

Em 2022, o total de resseguros cedidos somou R$ 23 bilhões, um crescimento de 23,5% em relação ao ano anterior, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Trata-se de uma operação de mercado que melhora os índices de solvência dos envolvidos e dá suporte a uma cadeia de negócios com larga capacidade de alavancagem.

O nicho de resseguros e retrocessão cresce não só com a maturidade dos players, mas também com incentivos da Susep – desde o começo do ano, seguradoras podem repassar 90% do risco – e os movimentos de mercado/economia.

Com o aumento da inadimplência, seguros de todas as ordens ganharam relevância. O prestamista, sobretudo, em face à perda de poder econômico dos brasileiros com a inflação e a Selic em patamares elevados. O garantia, que pode atender a valores mais altos, vinculados às operações de larga complexidade, é outro exemplo que vem crescendo.

Prova disso está nos resultados de 2022, cuja receita total com prêmios de seguros foi de R$ 220 bilhões, aumento de 19,9% em relação ao ano anterior. Voltando os olhos para resseguros e retrocessão, observa-se que eles ainda atingem 10% disso, o que revela enorme potencial para crescimento.

O contexto atual gera uma grande oportunidade de amadurecimento do mercado de crédito, apoiado por mecanismos de arranjos do mercado segurador. Maior segurança jurídica certamente estimulará envolvimento importante dos resseguros e retrocessão no suporte de operações de empréstimos e financiamento.

A maior participação de organizações de resseguro e retrocessão ampliará a capacidade de toda a cadeia assumir mais riscos, criando um sistema de proteção em camadas. Garantirá que os efeitos de possíveis inadimplências sejam distribuídos de forma mais equitativa entre várias entidades.

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