12/06/2024 às 11:48

Riscos crescentes X emprego, renda e gastos eleitorais

Momento Econômico
Por Nicola Tingas | Consultor Econômico

PIB 2024 terá viés positivo no 3º e/ou 4º trimestre? Vetores de alta podem prevalecer.

Incertezas econômicas e políticas, de origem internacional e doméstica, aumentam os “prêmios de risco” dos ativos financeiros.

1. Taxa de câmbio (R$/USD) precifica mudança de percepção de risco desde abril:

– Contas públicas têm rombo maior que o estabelecido na mudança na regra fiscal em 2023, confirmada pelo adiamento (em 2024) da meta de superávit fiscal primário, devido crescentes despesas acima da capacidade de aumento das receitas;

– Troca do presidente da Petrobras por profissional que foi presidente da ANP no governo Dilma Rousseff. Além busca de maior participação no Conselho de empresas mistas;

– Inesperada polarização dos votos dos membros do COPOM na recente decisão que diminuiu o ritmo de redução da taxa SELIC de 0,5% para 0,25%;

– Debate sobre saída do presidente atual do Banco Central e perfil de liderança do próximo presidente com mais diretores nomeados pelo governo atual ao cargo, com pressões políticas para manutenção da redução da taxa de juros, traz insegurança aos mercados sobre riscos de credibilidade futura na condução da política monetária;

– Tragédia climática no Rio Grande do Sul gera incerteza da intensidade de seus efeitos sobre PIB nacional, pressões inflacionárias e de abastecimento alimentar e de componentes de produção entre outros aspectos;

– Muito importante, a contínua postergação da redução da taxa de juros americana pelo FOMC (FED/USA) tem gerado desvalorização das moedas internacionais, principalmente as de países emergentes, em particular o REAL por outros riscos associados no cenário local.

 

2. Bolsa de valores (Ibovespa) perde tração por conta da redução do fluxo financeiro e da política monetária mais restritiva do que o esperado, além de ruídos políticos sobre gestão da Petrobras e outras empresas de economia mista. Bolsas americanas espelham economia aquecida, mesmo com flutuação de indicadores econômicos gerando volatilidade.

 

3. Inflação (IPCA) teve oscilação e queda depois do pico em 2023 (no cálculo, os últimos 12 meses). Mas, pressões altistas têm se materializando na pesquisa semanal junto FOCUS – Banco Central; não somente para 2024, como também próximos anos. Vide FOCUS abaixo.

 

Pesquisa Focus e projeções de indicadores selecionados.

Contratos DI Futuro (B3) – Taxas de juros projetadas no mercado financeiro
A sinalização do COPOM de redução menor que o esperado da taxa SELIC, além das incertezas e riscos relatados anteriormente, mudou a precificação da taxa de juros futura, para bem maior.

 

COPOM (Banco Central)
Cenário econômico traz restrições crescentes ao corte da taxa básica de juros (SELIC).

 

Apesar do cenário de incertezas e riscos; a ampliação da capacidade de Consumo das Famílias identificada nos dados do IBGE do 1º trimestre de 2024, e os esperados amplos gastos eleitorais por todo território nacional no 2º semestre, mantém viés favorável para PIB 2024 (ano fechado).

A expansão do PIB 1º trimestre 2024 de 0,8% (ou 2,5% em base anual) foi maior que as previsões. Os destaques do “PIB lado oferta” são Serviços e Agropecuária, e do “PIB lado demanda” são Consumo das Famílias, Investimento e Importação.

 

Essa composição do PIB no 1º trimestre confirma o forte impulso ao consumo doméstico no país.

O governo “Lula 3” tem priorizado a política econômica desenvolvimentista, que busca a ampliação da demanda agregada por meio do gasto público, crédito e investimento.

Esse impulso intenso – e rápido, é financiado pelo aumento real do gasto público em políticas públicas de emprego, renda, benefícios sociais, obras e incentivos diversos, além da forte expansão do crédito público através de bancos de fomento, bancos estatais e apoio de empresas públicas. Quando o risco-Brasil é baixo e a economia oferece oportunidades atraentes, o investimento direto estrangeiro e o de capital de curto prazo apoiam o financiamento da expansão do ciclo econômico.

Em tese, a crescente atividade econômica, pela maior demanda, faz crescer a oferta pelas empresas privadas e públicas, criando um ciclo econômico virtuoso. Contudo, a dinâmica econômica tem múltiplas e diversas interações, que modificam suas polaridades financeiras ao longo do tempo, em função de retornos, riscos, escolhas políticas, empresariais e familiares. O longo prazo é incerto.

No curto e médio prazo (1, 2, 3 anos) a experiência de vários países (e Brasil) indica que é possível utilizar políticas de inspiração keynesiana. Contudo, do médio para longo prazo o financiamento público tem de ser reduzido para evitar seu colapso por crescente acumulação de dívida pública, refinanciada por taxas de juros elevadas devido ao maior patamar de riscos na economia.

Exceto se alcançado elevado, produtivo e sustentável, crescimento econômico, que equaliza e reduz o risco, abrindo caminho para um efetivo e/ou longo ciclo virtuoso.

 

 

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